Sobriedade em Relação ao Iminente Retorno do Senhor
Capítulo 5:4-11 – Paulo
assegura aos santos que “aquele dia”
de julgamento não os “surpreenderia”.
Para indicar isso, ele muda os pronomes novamente. Ele usou “eles” e “lhes” no verso 3, mas agora ele diz: “Mas vós, irmãos ...” e “não
somos da noite ...” e “não durmamos...”
etc. Ao mudar da terceira pessoa do plural para a segunda e primeira pessoa do
plural, é evidente que Paulo está agora retornando para falar com a companhia Cristã
novamente. A razão pela qual “aquele dia”
de julgamento não surpreenderá os Cristãos é que teremos sido levados da Terra no
arrebatamento, aproximadamente sete anos antes
daquele tempo. Ele acaba de explicar isso no parêntese no capítulo 4:15-18.
Como mencionado em nossos comentários no capítulo 1:10, cada vez que a vinda do
Senhor é mencionada como um “ladrão de
noite”, está se referindo à Aparição de Cristo, não ao Arrebatamento (Mt 24:43-44; Lc 12:39-40, 1 Ts 5:2; 2 Pe 3:10;
Ap 3:5, 16:15). Como já mencionado, no Arrebatamento, o Senhor vem para chamar
a Igreja, que é Sua noiva. Ele vem naquele tempo como “o Noivo” (Mt 25:6-10), não como um “Ladrão”.
Além disso, as passagens que
têm a ver com a vinda do Senhor como Ladrão estão sempre em conexão com Ele,
executando o julgamento sobre o mundo. Isso acontece na Aparição. Não há julgamento
executado sobre o mundo no Arrebatamento; é uma tomada silenciosa dos crentes
da Terra. Os santos ouvirão o “alarido”,
a “voz” e a “trombeta” (cap. 4:16), mas o mundo não ouvirá nada. É verdade que
o Arrebatamento selará a desgraça daqueles que rejeitaram o evangelho da graça
de Deus, mas o julgamento de fato deles de serem lançados no lago de fogo não
ocorre até mais tarde, quando o Senhor aparece como Ladrão.
Paulo fala daqueles do mundo
como sendo envolvidos em “trevas”
morais e espirituais (v. 4). Em contraste, ele lembra aos crentes tessalonicenses
que eles são “filhos da luz e filhos do
dia” (v. 5). Assim, ele usa “trevas”
e “luz” e “dia” e “noite” como
figuras para descrever aqueles que são crentes e aqueles que não são. Isso não
é incomum nos escritos de Paulo (Rm 13:12-13; Ef 5:8-14). Visto que o
julgamento recai apenas sobre aqueles que são parte integrante das trevas deste
mundo, mas não sobre aqueles que são da luz, é claro que os crentes no Senhor
Jesus Cristo estão isentos dos julgamentos relacionados com o dia do Senhor. De
fato, eles virão com o Senhor quando
Ele voltar para executar o julgamento naquele dia (1 Ts 3:13; 4:14; Jd 14; Zc
14:5, etc.).
Vs. 6-8 – Na série seguinte
de versículos, Paulo faz algumas exortações práticas baseadas no fato de que os
tessalonicenses eram “da luz” e “do dia”, e não “da noite, nem das trevas”. Essas coisas aplicam-se a nós hoje
tanto quanto se aplicavam aos tessalonicenses em seus dias. Ele diz: “Não durmamos pois, como os demais, mas
vigiemos, e sejamos sóbrios” (v. 6). Paulo usa o “sono” aqui como uma
figura para descrever a indiferença espiritual. Ele diz que é necessário que
haja vigilância e sobriedade de nossa parte para que não
caiamos em um estado de descuido semelhante. O ponto dele é que, embora o mundo
esteja espiritualmente adormecido, nós não deveríamos estar assim. A observação
a que Paulo se refere aqui não é exatamente a vigilância pela vinda do Senhor –
embora certamente devêssemos fazer isso (Lc 12:36-38). Mas sim estar vigiando contra
os perigos espirituais das trevas, que podem ter seu efeito negativo sobre nós.
O ponto na exortação é que se não formos cuidadosos, poderemos ser arrastados
pelos rudimentos das trevas deste mundo pelo qual passamos. O Senhor orou para
que os santos fossem preservados nesse caminho (Jo 17:15-17). Mantemos nossa vigilância
espiritual pelo julgamento próprio e e por andar próximos do Senhor por meio da
constante comunhão com Ele. O único lugar “seguro”
para nós é estar perto do Senhor (Dt 33:12).
Paulo diz: “Porque os que dormem, dormem de noite, e
os que se embebedam, embebedam-se de noite” (v. 7). Ele fala do sono aqui
literalmente, mas prossegue fazendo uma aplicação prática dele. Seu ponto é
que, assim como o “sono” no reino natural está associado à “noite”, é o mesmo no reino espiritual. O sono espiritual da
indiferença está associado àqueles que não conhecem o Senhor e vivem em trevas
espirituais. Sendo quem somos (“filhos
da luz e filhos do dia”), precisamos ser consistentes com o reino ao qual
pertencemos e estar espiritualmente despertos.
Para nos proteger contra o
estado de torpor espiritual nos dominando, Paulo menciona nosso recurso. Ele
diz: “Mas nós, que somos do dia, sejamos
sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade [do amor], e tendo por
capacete a esperança da salvação” (v. 8). Assim, enquanto o mundo é
caracterizado por dormir nas trevas da ignorância de Deus, devemos estar
vivendo em vista da “esperança” de
nossa “salvação” final. Isto é, para
estar com e como o Senhor no estado glorificado. – que ocorrerá no Arrebatamento.
Até lá, há duas peças da armadura que devemos colocar que nos impedirão de
afundar em um estado de descuido:
- A “couraça [peitoral] da fé” guarda as afeições de nossos corações.
- O “capacete da salvação” guarda nossos pensamentos.
Nossos corações e mentes são
duas áreas vulneráveis onde o inimigo faz seus pontos de ataque. Note que somos
responsáveis por colocar essas peças de armadura; não é algo que Deus faz por
nós. Assim, Ele quer que participemos desta libertação prática. Isso significa
que é preciso haver exercício espiritual e energia envolvidos no uso dessa
proteção. Vestir “a couraça da fé” é
ter cuidado para não permitir que nossas afeições busquem coisas terrenas e
mundanas, porque no processo podemos nos envolver nessas coisas que nos causarão
sonolência nas coisas divinas (Pv 4:23). Vestir o “capacete” se refere a não apenas ter com nossos pensamentos
focados em coisas certas que dizem respeito a Cristo e Seus interesses (Fp 4:7;
1 Pe 1:13), mas por estarmos ocupados com a esperança da salvação que será trazida
para nós na vinda do Senhor. A tendência é permitir que nossos corações e
mentes corram atrás de coisas estranhas que diminuem nossa vigilância
espiritual.
Vs. 9-11 – E a razão pela
qual Paulo encoraja tal foco é porque “Porque
Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso
Senhor Jesus Cristo que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos,
vivamos juntamente com Ele”. Esse aspecto final da “salvação” a que Paulo se refere aqui (como no versículo 8) ocorre
quando o Senhor vem – no Arrebatamento (Rm 13:11; Fp 3:20-21; Hb 9:28; 1 Pe 1:5).
Ele diz que esta salvação nos aguarda, independentemente de o crente estar
vivendo (“acordado”) no momento da
vinda do Senhor ou ter morrido (“dormindo”).
Como ele explicou no capítulo 4, ambos se levantarão para encontrar o Senhor no
ar. Paulo encerra suas observações sobre esse assunto declarando novamente: “exortai-vos [encorajai-vos – JND] uns aos
outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis”.
Paulo usou a palavra “sono” nos versículos 6-10 de três maneiras diferentes:
- O sono da indiferença (v. 6).
- O sono natural para a reanimação do corpo (v. 7).
- O sono em conexão com o estado separado ou intermediário de um crente (v. 10).